Poucas palavras da língua portuguesa são tão difíceis de serem explicadas de forma tão completa de significados como companheiro. Poucas palavras são tão bonitas. Sério mesmo, companheiro é uma palavra que se basta por ela mesma.
Evidente que pode ser traduzida, explicada. Toda a palavra pode ser traduzida ou explicada, mas algumas ficam aquém e além de qualquer tradução ou explicação. Companheiro é uma delas. Outra delas é saudade. Tente explicar e traduzir saudade para uma pessoa que não seja brasileira. Saudade é uma palavra que não tem explicação. É uma das bonitezas que a língua portuguesa nos dá. Só repetir a palavra devagar, saboreando cada sílaba já é bonito. Saudade e saudades.
Mas, vamos voltar para o companheiro. Companheiro é um amigo reforçado, parceiro de verdade, de trabalho, de diversão, daquela cerveja gelada, daquele churrasco, de uma pescaria que deu ruim. Companheiro é aquele cara que madrugou em um dia de chuva e vento gelado na frente do trabalho para protestar contra o patrão que não queria dar aumento. Companheiro. Companheiro é luta em todos os dias, todas as horas. Companheiro é o silêncio em alguns momentos, o abraço em um dia, um puxão de orelha em outro dia. Companheiro é mais que um amigo. Companheiro não é um irmão, talvez seja mais que um irmão. Companheiro não é um camarada, é companheiro. Companheiro é aquele cara de todos os dias, de toda a vida.
Tem uma poesia de Bertold Brecht que trata disto, do companheiro, da vida, de todos os dias:
“Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis”
Quando a gente perde um companheiro fica uma saudade. E saudade é uma palavra tão linda e difícil de explicar.
Companheiro Célio, presente!