Janeiro Branco: a importância de cuidarmos da saúde mental da categoria dos bancários

10 de Janeiro, 2022 Direito do Trabalho
Janeiro Branco: a importância de cuidarmos da saúde mental da categoria dos bancários

Um novo ano começa e com ele nova uma iniciativa do SindBancários para alertar a categoria sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

O Janeiro Branco é uma campanha brasileira iniciada em 2014 que chama atenção para o impacto das doenças psíquicas na vida das pessoas. O período foi escolhido porque é neste mês que estamos mais focados em resoluções e metas para o ano que chega.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, todos os anos, mais de 1 milhão de homens e mulheres tentam o suicídio em todo o mundo. Os motivos são variados, mas a maioria, apontam os dados, é motivada por quadros agudos de doenças psíquicas.

Os números assustadores mostram uma outra epidemia acontecendo no Brasil: o país é o oitavo em número de suicídios em todo o mundo.

Segundo o ranking da OMS, a taxa de brasileiros que anualmente tiram a própria vida cresceu 60% desde 1980, justamente, o período em que as primeiras políticas neoliberais começaram a ser adotadas por aqui, como arrochos salariais, privatizações, retirada de direitos trabalhistas e desemprego em massa.

“O capitalismo é uma grande fonte de adoecimento. Só garantindo bem-estar e acesso à saúde poderemos mitigar o impacto do neoliberalismo na vida dos trabalhadores”, aponta a diretora de Saúde e Condições de Trabalho do SindBancários, Jamile de Moraes Chamun.

Ela garante que o número de colegas da categoria que atentam contra a própria vida ou apresentam quadros de depressão, ansiedade ou algum outro transtorno não para de crescer ano após ano.

Depressão e Ansiedade

Uma pesquisa encomendada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) aponta que em 2019, 20% dos empregados ativos da Caixa revelaram sofrer de depressão ou ansiedade e o número de funcionários que buscaram acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico chegou aos 19,6% da categoria.

E isso, antes mesmo da pandemia.

A situação é semelhante nos demais bancos. Demissões, pressão, metas abusivas, assédio e sobrecarga tornam o trabalho bancário altamente adoecedor. Nos bancos público os trabalhadores (as) ainda convivem com as ameaças constantes de privatização.

Burnout é doença do trabalho

Os dados preocupam ainda mais quando são somados à Síndrome de Burnout, um transtorno que agora em 2022 passou a ser classificado pela OMS como doença do trabalho e que hoje acomete uma grande parcela dos (as) trabalhadores bancários (as).

“O transtorno de Burnout está começando a ser reconhecido como doença ocupacional pelos organismos internacionais de saúde e os bancários são atingidos em cheio.

Para que possamos ter uma ideia o impacto da doença, até 2016, as lesões por esforço repetitivo (Ler) eram as grandes responsáveis pelo afastamento de trabalhadores da categoria. Hoje, a maior parte dos pedidos que chegam ao sindicato dizem respeito a algum tipo de transtorno psíquico”, alerta Jamile, que atribui o crescimento exponencial das solicitações de afastamento à ganância dos banqueiros.

“Esse quadro preocupante é fruto das metas abusivas impostas pelos bancos. A política de lucro acima de tudo, que estamos vendo mais acentuadamente nesta pandemia, não é algo novo, já vem de muito tempo e agora foi desnudada completamente”, critica a dirigente sindical.

“Nós recebemos casos de bancários adoecidos que seguem trabalhando devido à pressão dos patrões, muitos em situação de extremo estresse e temendo serem demitidos em meio ao caos e à insegurança da pandemia. Eles sequer têm condições mentais para continuarem no trabalho”, revela com preocupação.

Mesmo sem um levantamento que aponte como a pandemia impactou na saúde mental dos bancários, o fato é que todos fomos afetados em maior ou menor grau.

Em abril de 2020, as agências bancárias foram consideradas atividades essenciais e, portanto, permaneceram abertas desde então. Bancários e bancárias que trabalham no atendimento ao público, além da exposição constante ao vírus – o que obviamente traz medo e insegurança – precisam bater metas enquanto protegem a própria vida.

Para aqueles que necessitam de apoio, o Sindicato dos Bancários aponta um caminho.

AGente se cuida

Criado no segundo semestre de 2019, o AGente se Cuida busca criar uma rede de apoio para cuidar do bem-estar físico e psicológico dos (as) bancários (as).

Instituído pelo Departamento de Saúde do SindBancários, o projeto fornece encaminhamento clínico e acompanhamento de casos de enfermidades psiquiátricas, além de manter um diálogo constante com os trabalhadores por meio de uma rede com foco no bem-estar.

“O programa AGente se cuida é uma corrente de solidariedade entre os bancários. Partimos da premissa de que, se os banqueiros se protegem e resguardam seus lucros, os trabalhadores bancários precisam também cuidar um dos outros”, explica Jamile.

Os associados que apresentarem sintomas como fadiga excessiva, letargia, mudanças bruscas de humor, choro sem motivo ou razão aparente, taquicardia, pensamento suicidas, tremores e respiração ofegante ou algum outro relacionado às doenças mentais podem entrar em contato com a rede de apoio do SindBancários pelo telefone +55 (51) 99576-4174, que também atende por WhatsApp.

Os atendimentos e encaminhamentos são realizados, conforme a gravidade, em horário comercial.

O AVM Advogados apoia a campanha do SindBancários e se solidariza com todos os trabalhadores bancários que padecem de doenças ocupacionais decorrentes das metas abusivas e desrespeito aos direitos da categoria, colocando-se à disposição para o auxílio necessário.

Fonte: SindBancários

Imagem: Freepik

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